Volta ou não volta?
O Zé Roberto convidou, Fabiana não aceitou.
Segundo o Bruno Voloch, Fabiana teria sido convidada a treinar com a seleção para a disputa do Mundial e se juntaria ao grupo em Saquarema na próxima segunda-feira. Claro que é natural deduzir que o convite tinha segundas intenções e seria, na verdade, uma convocação. Primeiro porque o Zé nunca se conformou com a aposentadoria da Fabi depois de 2016. Segundo que não faria sentido a jogadora se prestar novamente a uma rotina de treinamentos e de dedicação à seleção para, depois, não desfrutar do “filé”, o Mundial.
Porém, segundo o blog To Fly, a Fabiana recusou o convite.
Pensando exclusivamente no Mundial, seria ótimo ter uma jogadora do nível dela de volta a uma seleção carente de referências confiáveis e dependente de atletas que não estão na sua melhor forma física e técnica. Fabiana não vive o melhor momento da sua carreira, mas não deixou de ser uma grande jogadora. Tem um entrosamento com a Dani Lins que poderia ser importante para um time que não tem saída ofensiva de segurança com as centrais atuais. A seleção ganharia, sim, um reforço importante.
Porém, a médio prazo, o Brasil estaria, mais uma vez, atrasando a renovação e o desenvolvimento de novas jogadoras – que até não são tão “novas” assim. O trio Thaísa, Fabi e Adenízia domina as vagas de centrais desde 2010. Jucy e Carol se revezaram pela quarta vaga e até ameaçaram algumas vezes o posto de reserva da Adê, mas os personagens principais foram sempre os mesmos.
Sem Fabi e Thaisa no ano passado, pela primeira vez é que a Adê conseguiu se firmar como titular e que a Bia e a Carol começaram a enfrentar desafios internacionais com maior responsabilidade. O retorno da Fabi cortaria esta evolução.
Sei que, se Fabi e Thaisa foram titulares durante todos estes anos, é porque nenhuma das outras candidatas às vagas teve talento e competência suficientes para superá-las. Mas elas não são eternas, infelizmente. Thaisa não é mais a mesma com tantas cirurgias nas costas. Já em 2016 ela não estava na sua melhor condição e é difícil acreditar que, com as outras cirurgias que fez no ano passado, consiga se manter em alto nível até 2020, nos Jogos de Tóquio.
Mesmo a Fabiana, sem nenhuma lesão grave, não é mais a mesma. Teve duas temporadas ruins de Superliga para depois fazer um campeonato mais adequado ao seu talento e currículo na edição 17/18. Está há um ano e meio longe das grandes competições internacionais e com o foco voltado ao clube e à vida pessoal. E, apesar de todas as sondagens do Zé Roberto, reafirmou sua aposentadoria da seleção.
Ou seja, é muito provável que o Brasil não conte com Thaisa e/ou Fabiana para 2020, mas, a dois anos dos Jogos, ainda estamos com Adê, Bia e Carol vivendo à sombra das “torres gêmeas”.
É óbvio que qualquer renovação tem seu preço e a do Brasil custa caro, principalmente porque a nova matéria prima não é do mesmo nível da anterior. É inevitável que isso tenha efeito nos resultados da seleção principal. O Zé já há muito tempo fala da carência de bons recursos vindo da base e, por isso, deveria saber muito bem o desafio que o esperava neste ciclo.
Só que ele não enfrenta o desafio, ele o nega. Se quisesse realmente enfrentar o desafio, ele abraçava a renovação. Nem digo uma renovação radical, mas esta renovação meia-boca que ele está fazendo, só que com maior convicção. Fico me colocando no lugar da Carol, por exemplo, a provável cortada com o retorno da Fabiana. Ela vive um ótimo momento na carreira, mas não tem a confiança do treinador. Não foi possível, neste ano, fazer uma avaliação consistente do seu desempenho na seleção. Afinal, ela mal foi testada na Liga das Nações, não teve as mesmas oportunidades do que a Bia, por exemplo.
O Zé Roberto veio para o ciclo com a mentalidade da época de ouro da seleção: de querer ganhar tudo o que estiver pela frente. Ele não quer abrir espaço para testar e desenvolver novas atletas (e, de certa forma, fazer o trabalho que as categorias de base deveriam fazer). O Zé quer a segurança das jogadoras formadas pelo Bernardinho no clube e das suas antigas selecionadas – mesmo que elas não tenham as melhores condições físicas ou estejam aposentadas.
- Falando em quem não está na seleção, a Fernanda Garay deu uma declaração interessante ao UOL Esporte semana passada:
"Hoje, não me sinto apta para defender a seleção. Essa camisa tem muita história e merece dedicação total. A equipe vem se preparando desde o término da Superliga e deve chegar no ápice da forma física no Mundial. Claro que a campanha e as mensagens que venho recebendo mexem muito comigo, porém é como eu sempre disse, tirei esse tempo para me dedicar a minha família e isso também cobra seu preço. Não vejo como eu teria condições de chegar ao Mundial no mesmo nível físico e técnico das demais atletas. Quanto a retornar para a seleção, nem eu, nem o Zé Roberto fechamos as portas, porém eu acredito que estar no grupo é uma questão de merecimento e se no futuro o Zé entender que eu ainda posso ajudar de alguma forma e eu me sentir bem para voltar não vejo porque não".
Achei muito bonito o respeito da Garay pela seleção e pelas colegas. Sabe que agora o seu foco não está voltado ao time nacional e não acha correto se envolver, no meio do caminho, num projeto tão importante para o Brasil.
É uma pena a decisão porque a Garay é simplesmente a melhor brasileira da posição e, se presente, colocaria o Brasil em outro status na competição. Mas contra a honestidade sobre suas pretensões, que deixam a seleção em segundo ou terceiro plano no momento, não se pode lutar.
Segundo o Bruno Voloch, Fabiana teria sido convidada a treinar com a seleção para a disputa do Mundial e se juntaria ao grupo em Saquarema na próxima segunda-feira. Claro que é natural deduzir que o convite tinha segundas intenções e seria, na verdade, uma convocação. Primeiro porque o Zé nunca se conformou com a aposentadoria da Fabi depois de 2016. Segundo que não faria sentido a jogadora se prestar novamente a uma rotina de treinamentos e de dedicação à seleção para, depois, não desfrutar do “filé”, o Mundial.
Porém, segundo o blog To Fly, a Fabiana recusou o convite.
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Pensando exclusivamente no Mundial, seria ótimo ter uma jogadora do nível dela de volta a uma seleção carente de referências confiáveis e dependente de atletas que não estão na sua melhor forma física e técnica. Fabiana não vive o melhor momento da sua carreira, mas não deixou de ser uma grande jogadora. Tem um entrosamento com a Dani Lins que poderia ser importante para um time que não tem saída ofensiva de segurança com as centrais atuais. A seleção ganharia, sim, um reforço importante.
Porém, a médio prazo, o Brasil estaria, mais uma vez, atrasando a renovação e o desenvolvimento de novas jogadoras – que até não são tão “novas” assim. O trio Thaísa, Fabi e Adenízia domina as vagas de centrais desde 2010. Jucy e Carol se revezaram pela quarta vaga e até ameaçaram algumas vezes o posto de reserva da Adê, mas os personagens principais foram sempre os mesmos.
Sem Fabi e Thaisa no ano passado, pela primeira vez é que a Adê conseguiu se firmar como titular e que a Bia e a Carol começaram a enfrentar desafios internacionais com maior responsabilidade. O retorno da Fabi cortaria esta evolução.
Sei que, se Fabi e Thaisa foram titulares durante todos estes anos, é porque nenhuma das outras candidatas às vagas teve talento e competência suficientes para superá-las. Mas elas não são eternas, infelizmente. Thaisa não é mais a mesma com tantas cirurgias nas costas. Já em 2016 ela não estava na sua melhor condição e é difícil acreditar que, com as outras cirurgias que fez no ano passado, consiga se manter em alto nível até 2020, nos Jogos de Tóquio.
Mesmo a Fabiana, sem nenhuma lesão grave, não é mais a mesma. Teve duas temporadas ruins de Superliga para depois fazer um campeonato mais adequado ao seu talento e currículo na edição 17/18. Está há um ano e meio longe das grandes competições internacionais e com o foco voltado ao clube e à vida pessoal. E, apesar de todas as sondagens do Zé Roberto, reafirmou sua aposentadoria da seleção.
Ou seja, é muito provável que o Brasil não conte com Thaisa e/ou Fabiana para 2020, mas, a dois anos dos Jogos, ainda estamos com Adê, Bia e Carol vivendo à sombra das “torres gêmeas”.
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É óbvio que qualquer renovação tem seu preço e a do Brasil custa caro, principalmente porque a nova matéria prima não é do mesmo nível da anterior. É inevitável que isso tenha efeito nos resultados da seleção principal. O Zé já há muito tempo fala da carência de bons recursos vindo da base e, por isso, deveria saber muito bem o desafio que o esperava neste ciclo.
Só que ele não enfrenta o desafio, ele o nega. Se quisesse realmente enfrentar o desafio, ele abraçava a renovação. Nem digo uma renovação radical, mas esta renovação meia-boca que ele está fazendo, só que com maior convicção. Fico me colocando no lugar da Carol, por exemplo, a provável cortada com o retorno da Fabiana. Ela vive um ótimo momento na carreira, mas não tem a confiança do treinador. Não foi possível, neste ano, fazer uma avaliação consistente do seu desempenho na seleção. Afinal, ela mal foi testada na Liga das Nações, não teve as mesmas oportunidades do que a Bia, por exemplo.
O Zé Roberto veio para o ciclo com a mentalidade da época de ouro da seleção: de querer ganhar tudo o que estiver pela frente. Ele não quer abrir espaço para testar e desenvolver novas atletas (e, de certa forma, fazer o trabalho que as categorias de base deveriam fazer). O Zé quer a segurança das jogadoras formadas pelo Bernardinho no clube e das suas antigas selecionadas – mesmo que elas não tenham as melhores condições físicas ou estejam aposentadas.
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- Falando em quem não está na seleção, a Fernanda Garay deu uma declaração interessante ao UOL Esporte semana passada:
"Hoje, não me sinto apta para defender a seleção. Essa camisa tem muita história e merece dedicação total. A equipe vem se preparando desde o término da Superliga e deve chegar no ápice da forma física no Mundial. Claro que a campanha e as mensagens que venho recebendo mexem muito comigo, porém é como eu sempre disse, tirei esse tempo para me dedicar a minha família e isso também cobra seu preço. Não vejo como eu teria condições de chegar ao Mundial no mesmo nível físico e técnico das demais atletas. Quanto a retornar para a seleção, nem eu, nem o Zé Roberto fechamos as portas, porém eu acredito que estar no grupo é uma questão de merecimento e se no futuro o Zé entender que eu ainda posso ajudar de alguma forma e eu me sentir bem para voltar não vejo porque não".
Achei muito bonito o respeito da Garay pela seleção e pelas colegas. Sabe que agora o seu foco não está voltado ao time nacional e não acha correto se envolver, no meio do caminho, num projeto tão importante para o Brasil.
É uma pena a decisão porque a Garay é simplesmente a melhor brasileira da posição e, se presente, colocaria o Brasil em outro status na competição. Mas contra a honestidade sobre suas pretensões, que deixam a seleção em segundo ou terceiro plano no momento, não se pode lutar.
Pelo menos tanto a Garay como a Fabiana (se confirmada a sua recusa) obrigam o Zé Roberto, ainda que com muita dificuldade, a olhar um pouquinho mais à frente.
Comentários
É disso que precisamos. De um lado, se as promessas muitas vezes decepcionam (Lorenne, Paula Borgo, Edinara, Rosamaria, Drussyla), pelo menos a gente sabe que tem sim algum material humano. Elas só precisam de uma oportunidade de treinar com a melhor comissão técnica do país. Enfim, concordo com tudo que você disse, para variar, Laura!
Ps. A Garay é um ídolo mesmo, não só como jogadora, mas como pessoa. Que mulher linda. Tenho muito orgulho de ser brasileiro e de ser representado por ela. Muita gratidão e respeito, sempre!
Por isso tantas dispensas, tanta gente desinteressada, o que não ajuda um grupo já pequeno.
De certa forma, ele se mostra muito desrespeitoso e arrogante, não por cortar e escolher quem ele quer, pois isso é prerrogativa dele e a seleção não tem cadeira cativa com ninguém, mas por causa da forma como ele faz. Ele baixa o nível nesses cortes, vulgariza a seleção, chama gente de seu clube, convoca meninas deixando claro que prefere as antigas, e outras baixarias.
O ápice foram os cortes da Fabíola, da Brait e a convocação da Fernandinha e outras jogadoras do Amil Campinas, e agora do Hinode, jogadoras que nem passariam perto da seleção se não fossem de seu clube.
Outro ponto: eu acho que ele ganharia muito treinando de fato e corrigindo os gestos técnicos das jogadoras que ele acha que chegam da base com formação incompleta. Acho que ele tem competência para isso e faz parte do seu trabalho também fazer isso. Mas parece mesmo que ele quer jogadoras prontas, só que estas estão cada vez mais raras. Há então um impasse a ser resolvido.
A Garay é magnífica, dentro e fora de quadra. Imaginem se fosse o contrário, se nós soubéssemos que tem uma jogadora se humilhando, ligando, mandando zap e implorando pro Zé a convocá-la? Como reagiríamos? Quais comentários maldosos não faríamos? Estaríamos dizendo que a pessoa tinha que se tocar, ir chorar na cama que é lugar quente, que é ridícula, que seu tempo na seleção já passou.
Se elas não quiseram vir antes
.paciência .Não vai e nao pode ser agora.Elas seriam alvos fáceis diante de umá atuação a desejar.E o comando técnico sairia intocável deixando as jogadoras recebendo as pedras.Não creio que Thaisa e Dani Lins venham a fazer tanta diferença e ai Laura rã coberta de razão. Enfim se falta coragem técnica para uma convocação de Verdade ,não falta coragem às convocadas pedirem dispensas.O caráter da Garay. ...indiscutible. Uma pergunta Laura se for possível :vc não acha que DEVERIA haver um trabalho de base integrado ,um planejamento entre os clubes e a seleção? Essa metofologia foi usada e validada durante uns 20 anos no basquete feminino que vivia no ostracismo até final da década de 80 e assim,vieram participações e titulos inéditos na equipe principal.Um Abraço
Qual a renovação foi feita após Londres 2012? NENHUMA!
Se Fabizinha quisesse, estaria na seleção até hoje sem substituta, ainda que outras líberos tenham competência para isso...
Pro Zé Roberto não importa idade e nem renovação, a jogadora pode ter 40, 45 anos que ele quer colocá-la na seleção...
Daqui uns dias Zé Roberto chama Ana Moser kkk
Gente, isso é ridículo. Falar que no Brasil não tem material humano para renovar? Onde tirou isso? Olha a quantidade de centrais novas e altas. A quantidade de ponteiras e levantadoras que se não são "Maravilhosas", também não são péssimas. Mas se a jogadora não tem oportunidade, como saber se ela tem potencial para disputar as competições internacionais?
Podia ter selecionado 20 jogadoras para treinar pro Mundial, mas prefere chamar 15 para ir com todas elas cansadas, lesionadas, fora de forma, acima do peso, voltando de lesão.
Aff... É o fim mesmo!
Paula Borgo, Ivna, Bruna Honório, todas podiam estar treinando para Tandara ter uma substituta. E se Tandara machucar no Mundial ou antes dele? Vai sem oposta mesmo?
Macris, Naiane, Claudinha, Ana Tiemi (tem 1.89 metros!) podiam estar lá treinando para substituir Roberta, já que Dani Lins está visivelmente lenta e acima do peso! Só eu que vejo Dani Lins acima do peso, levantando mal e lento????
Chamar Fabiana?? E Carol Gataz que é a melhor central atualmente? Já que é pra viver de passado, pelo menos então chama quem está MELHOR!
Se vamos continuar vivendo de passado igual museu, pelo menos chama Carol Gataz que atualmente é a melhor do Brasil.
Se peneirar, no mínimo que o Brasil tem são umas 25, 30 jogadoras que podiam ser testadas neste ciclo olímpico, incluindo este grupo de 15 que está se preparando.
Zé Roberto é um treinador que morreu no tempo, está atrasado e não acompanha a evolução, por isso temos que torcer para não virarmos uma Cuba ou Rússia da vida!
Apostar em jogadoras jovens e altas agora seria melhor, vide que no sub 20 temos centrais de mais de 1,90 de altura. Mas por enquanto deve ser isso mesmo, Adenizia bloqueá bem, Bia é lenta, Carol é baixa e Mara é cone.
Torcer para o Brasil reverter essa situação!