O teu futuro é duvidoso
Justamente no ano em que tanto tratamos da necessidade de renovação da seleção principal, os times de base do Brasil não tiveram bons resultados nos seus respectivos mundiais.
No Mundial sub-20 deste ano, que aconteceu em julho, o Brasil, comandado pelo Hairton Cabral, ficou em quinto lugar. Na primeira fase se saiu bem ao vencer seus três concorrentes no grupo, EUA, Sérvia e Cuba. Porém, na segunda etapa do campeonato, teve uma sequência de três derrotas para Polônia, Turquia e Rússia.
Com a desclassificação para as semifinais, conseguiu o máximo que poderia naquela situação: o quinto lugar. O ouro ficou com a China e a prata com a Rússia.
No Mundial sub-20 deste ano, que aconteceu em julho, o Brasil, comandado pelo Hairton Cabral, ficou em quinto lugar. Na primeira fase se saiu bem ao vencer seus três concorrentes no grupo, EUA, Sérvia e Cuba. Porém, na segunda etapa do campeonato, teve uma sequência de três derrotas para Polônia, Turquia e Rússia.
Com a desclassificação para as semifinais, conseguiu o máximo que poderia naquela situação: o quinto lugar. O ouro ficou com a China e a prata com a Rússia.
Nesta semana, foi a vez das meninas do sub-18 saírem da briga por medalha no Mundial da categoria. Mesmo perdendo três dos quatro jogos do grupo (EUA, Rússia e Bielorrússia), o Brasil chegou às oitavas de final, quando foi eliminado pela Argentina. O time de Mauricio Thomas pode, no máximo, alcançar a nona colocação.
Ainda estão na disputa por medalha Rússia, Japão, EUA, Eslovênia, Peru, Rep. Dominicana e Itália, além da Argentina.
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Os resultados deste ano poderiam não causar grandes dores de cabeça se estivessem isolados. Só que, quando se fala de processo de renovação, é fundamental analisarmos o histórico para projetarmos o futuro. E deste ponto de vista, o Brasil precisa ligar a luz de alerta.
No sub-20, a última vez que o Brasil não tinha chegado ao pódio foi no distante 1997. A seleção continua a maior medalhista do campeonato, com 13 em 17 edições, mas desde 2007 não levanta a taça.
No sub-18, a última vez que o Brasil foi campeão foi em 2009. Desde lá, com campeonatos bienais, só conquistou um bronze. Na categoria, é também o maior medalhista do Mundial, com 9 medalhas em 15 edições (já contando a atual).
O Brasil tinha o mérito de sempre se manter entre os top 3 nestes torneios de base em que poucas seleções conseguem uma regularidade - visto que não se pode ignorar o peso do acaso, do nascimento de gerações mais especiais do que outras.
Faz uns anos, porém, que este domínio brasileiro - dividido com a China, inclusive – tem sido “atrapalhado” por outras seleções, como EUA, Itália e Sérvia. Faz alguns anos, também, que olhamos para as mais jovens e não vemos um grupo de grandes talentos que possa se destacar na principal.
Ou seja, o Brasil não consegue revelar um número razoável de jogadoras com estofo para a categoria superior e tem tido cada vez mais dificuldades em se manter competitivo pela força do coletivo.
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Não acompanho de perto o trabalho das categorias de base, então não posso enumerar com propriedade o que tem atrapalhado o desempenho das seleções. Pelo que ouvimos e lemos na imprensa, uma das causas deve ter origem no enfraquecimento (por falta de apoio e investimento) do trabalho dos clubes de formação.
O que posso perceber é que, no cenário internacional, mais times de base entraram na briga e estão melhores preparados do que antes. O Brasil está com dificuldade de acompanhar este ritmo e começa a ficar para trás na disputa.
Qualquer semelhança com o que acontece na seleção principal não é mera coincidência.
Comentários
“ Não acompanho de perto o trabalho das categorias de base “. A priori seria razoável afirmar que não há grandes talentos nas seleções de base. Porém quem vem acompanhando a montagem do time e os outros torneios ( sul americano, por exemplo) e os jogos afirma que o problema talvez não seja este: falta de talentos. O problema é de comando! Com todo o respeito aos profissionais envolvidos na comissão da seleções de base são visíveis as inadequações seja na montagem do time, seja nos tempos técnicos ( na na falta do pedido deles em momentos cruciais) com orientações apenas de cunho motivacional e até mesmo na montagem do time. Cito dois exemplos de jogadoras com potencial mas que foram completamente queimadas.Tainara - que será treinada pelo ZRG no clube - e a ponteira Júlia Bergman. Elas me paecerem serem bem promissoras. Porém era raro as atacantes brasileiras receberam bolas boas. Ou eram baixas ou eram atrás da cabeça. As bolas com as centrais eram ainda mais difíceis de assistir. Mesmo quando o passe saia a altura e velocidade das bolas de meio eram quase a mesma das bolas de ponta. E sobre isso vale um adendo: será que o Maurício Thomas não percebeu o despreparo da armadora brasileira para a função? Era bastante visível a diferença de nível técnico entre ela e a levantadora argentina.
O único ponto no qual concordo contigo é que os clubes também não tem dado chances ás jovens brasileiras.
Obs: Laura minha intenção não é atacar você e sim mostrar, talvez, que o problema é mais profundo do que parece.
Obs 2: esse mesmo time - com algumas modificações - havia vencido o sul americano de forma invicta.
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Não era minha intenção analisar isso (as causas) até pq, como mencionei, não acompanho a base. Quis discutir esta percepção q tenho com os resultados, de como tem sido mais difícil ao Brasil manter a hegemonia.
Sobre os talentos, ouvi falar da Tainara e da Júlia, q estiveram, aliás, nas duas seleções. O que quis dizer é que não vemos a mesma quantidade de promessas como algumas anos atrás. Talvez até hajam em qtdade, mas podem estar se perdendo no meio do caminho pra categoria principal por falta de oportunidade e nós não ficamos sabendo. Não sei, até pergunto a vc o q acha.
1) China possui infinitamente mais material humano que os demais países;
2) As outras seleções investiram em centros de treinamentos tão bons ou até melhores que Saquarema;
3) Os jovens brasileiros estão menos expostos à prática esportiva por uma série de fatores, que vão desde a diminuição do número de aulas de educação física até o desinteresse por atividades físicas em detrimento de mídias sociais (os canais de esporte agora transmitem até campeonatos de videogame);
4) Temos técnicos ultrapassados, como o ZRG, que não dão rodagem para atletas, priorizam campeonatos secundários e quando realmente precisam de seus atletas no auge para as principais competições, os mesmos estão desgastados por conta do calendário e rotina excessiva e desnecessária de jogos;
5) Somos o Brasil, um país bagunçado, sem planejamento, que acabou de sediar os jogos olímpicos e conseguiu a proeza de não acumular legado algum.
Outro ponto - e já aprontado em outros comentários aqui - é que além da falta de continuidade/ oportunidades para as jogadoras, peça também o treinamento inadequado ou melhor: o apego excessivo a um tipo de perfil de jogadoras.No Brasil, já na base existe a preferência por jogadoras mais baixas, porém com fundamentos naturalmente mais afiados. Com essa seleção, acabaram optando por um time mais alto e também por jogadoras que, ao contrário das diversas grandes jogadoras que surgiram no Brasil, começam na modalidade há pouco tempo. Caso da J. Bergman, por exemplo, que joga voleibol há pouco tempo (antes era da natação). Vejo muito neste tipo de situação, uma atitude imediatista por parte de treinadores/ formadores de jogadoras. Como o tempo para a formação dessas jogadoras requerer trabalho maior e mais intenso, percebi que muitas jogadoras com este perfil são deixadas de lado se não dá resultado imediato. A Própria Bergman pode sofrer com isso. Vejo a Central Jéssica Lima, 2,02 na mesma direção. Precocemente tem sido taxada de lenta. E isso com 17 anos. Começo da carreira!
Enfim, o cenário é preocupante!
Outro fator
Mas, contudo, quero mais uma vez bater em duas teclas:
1 - A tentativa de se buscar jogadoras mais altas. As equipes campeãs citadas são mais altas que o Brasil.
2 - Investir e disseminar o vôlei em outras partes do Brasil. Embora a china seja mais populosa, o território brasileiro tem a mesma magnitude do chinês, porém, o vôlei se restringe praticamente ao eixo sudeste-sul. Será que não dá para achar talentos em outras regiões? Pessoas com outras características, etc. A CBV deveria planejar isso.
Gosto da ideia do Clube Brasil.