O que o Brasil traz de Montreux?
O melhor fundamento da seleção neste início de trabalho. Muitas jogadoras deste elenco têm no saque um ponto forte e tiveram boas passagens no Montreux, como Roberta, Rosamaria, Carol e Tandara.
Bloqueio
Como resultado do bom saque, o bloqueio apareceu muito bem, principalmente nas finais. Um time baixo como o brasileiro precisa desta relação bastante azeitada para funcionar defensivamente. Adenízia mostrou que está numa ótima fase neste fundamento e Carol a recuperar o seu melhor momento. E o Brasil ainda teve as ponteiras complementando a boa marcação de bloqueio.
Rosamaria
Na única posição aberta para testes em Montreux, Rosamaria levou vantagem sobre as concorrentes Drussyla e Amanda. Entrou como titular nos momentos mais importantes do torneio (semifinal e final) e fez bem a sua parte, inclusive sendo decisiva nas duas partidas.
Edinara
Nas inversões, ganhou a disputa com a Fernanda Tomé. E esteve bem no ataque quando acionada. Foi pouco o que se viu, mas o suficiente para chamar a atenção pelo lado positivo. Já é alguma coisa.
Roberta
É uma escolha com potencial para polêmica, eu sei. Mas acho que a levantadora se saiu bem neste primeiro teste, ainda mais se levarmos em consideração a bagunça que esteve o passe no início do Montreux. Ela está longe de ser brilhante e das mais habilidosas levantadoras brasileiras, mas é cumpridora. Ou seja, obediente, dificilmente inventou ou fugiu das estratégias definidas pelo treinador. Faltam a ela ainda alguns predicados, o principal é o da regularidade na qualidade dos levantamentos. Mas ela fez o time andar e tem complementado a sua atuação com bom desempenho no saque e na defesa.
Passe
Do início ao final do Montreux houve uma enorme evolução, mas foi o fundamento que mais deu prejuízo ao Brasil ao final de tudo. Se não foi pelos pontos em erros, foi pela restrição de opções de jogadas para a levantadora. Acho que a Natália tomou conta da responsabilidade e sustentou a melhora do jogo brasileiro no torneio. Mas não dá para ela carregar o peso sozinha. Ainda falta uma jogadora que possa compartilhar com qualidade a função com a Natália.
Jogada com as centrais
Um pouco por falta de qualidade dos levantamentos, um pouco por limitações do passe. A verdade é que as centrais não foram opções constantes e muito menos relevantes durante o Montreux. Ainda falta um caminho para serem incorporadas com maior naturalidade ao jogo brasileiro.
Natália
A cobrança sobre a Natália é sempre grande. Não demonstrou estar entusiasmada com a missão de “comandar”, como uma das mais experientes, a renovação da seleção. Parecia cansada e esteve bem abaixo da sua capacidade no ataque. Talvez precisasse de uma folga maior antes de encarar a seleção. No entanto, cresceu durante o torneio no fundo de quadra. Tenho a impressão até que é esta função, de sustentação no passe e defesa, que o Zé Roberto pensa para ela cumprir neste momento. Ou seja, algo mais para a linha de uma ponteira de preparação.
Amanda
A expectativa em torno da capacidade técnica da Amanda não se cumpriu neste primeiro teste. Ela entrou num momento de pressão para consertar o passe brasileiro, mas não convenceu de que era a solução do problema e de que valia a pena, com ela em quadra, o time perder um pouco da capacidade ofensiva. Para quem tem no fundo de quadra o seu ponto forte e um diferencial na comparação com as outras ponteiras à disposição, foi uma grande oportunidade de se destacar desperdiçada.
Comentários
Estava agora mesmo pensando em como o saque da seleção está forçado, mostra como valeu a pena o esforço, a nova geração já chega na seleção com a mão pesada.
Outro ponto negativo foi a atuação de Naiane. Também perdeu oportunidade de reverter o quadro do jogo quando a situação esteve ruim. Foi burocrática na distribuição sempre acionando Natália ou a ponteira do momento. Também notei que ela insiste muito com a entrada de rede. Insegurança, incapacidade??? Não sei. Usa pouco o meio e ainda queimou a Edinara, não levantando para ela na maioria das inversões.
Outro ponto negativo foi a ausência da Lorenne. Teria sido melhor aproveitada do que a Fernanda Tomé, por exemplo, que, como bem colocou o L. Mesquita, foi usada como oposta quando se destacou no time como ponteira. Injusto.
Também teria usado a Gabiru um pouco mais. Já que quer colocá-la como líbero, ela poderia ter entrado em diversos momentos, visto alguns jogos muito fracos.
Espero que no Grand Prix ele experimente muito mais, com Bia, Mara, Macris, Juma, Gabiru,
Gamimova, etc. E rogo que ele pare de mudar a posição das jogadoras. Não esqueço que ele alegou que um dos critérios das selecionadas em 2016 era a versatilidade e que aquele grupo era o mais versátil que ele já tinha treinado. Na hora da China não vi nada mais engessado e rígido como aquela seleção e sua postura de mastro que vê o navio se afogar e não é capaz de fazer nada, se afogando junto. Tomara que ele se toque.
Pois é, Mesquita, não sou grande admiradora da Tomé, minha opinião é parecida com a da Isa: acho-a mto lenta e com pouca impulsão. Mas vc tem razão, ela e a Tandara mereciam ser testadas na posição em que se destacaram.
Kaike, a responsabilidade é grande para elas, mas acho q este é o ano para lidarem com isso. Até acho bom Garay, Jaque, Thaisa não estarem no grupo este ano para que o Zé seja obrigado a pensar nas novatas. Só que, é claro, ele tem que utilizá-las.
Mas cabe ressaltar, e isto é fato, o fundo de quadra da Natália melhorou MUITO!!! Eis uma grande sinuca de bico, rs. Mas nada que um reposicionamento no fundo entre jogadoras resolva isso.
Teremos aí 3 semanas de treinamentos, novas jogadoras agregadas e quem sabe surpresas possam surgir.
Falando das novatas, acredito que a Edinara e a Drussyla deram conta do recado (nas devidas proporções), mas não podemos esquecer que são MUITO jovens e estão na seleção adulta, além da Rosamaria.
O que realmente faltou foi uma oposta de ofício, que jogou toda a temporada nessa posição, e isso já está repetitivo do tanto que temos falado aqui, das ausências de Lorenne e Paula Borgo.
Não acho o Zé Roberto um técnico ruim, mas eu o acho muito cabeça dura, se contradiz muito nas próprias declarações, e esse é o motivo que me faz não gostar dele.
Mas mesmo ele não convocando várias jogadoras que mereciam uma chance, optando por não ter um grupo muito inchado, eu ainda acredito no grupo. Ao contrário dos que acham um grupo fraco, eu vejo um grupo de grande potencial, que tem muito a crescer e que pode repetir o que aconteceu no ciclo pré Pequim 2008.
Além disso, algumas seleções evoluíram demais, oferecendo muito mais resistência à seleção brasileira.
Todas as jogadoras em suas respectivas posições são mais baixas que as atuais, com exceção da Roberta. Mais um ponto negativo.
Nunca foi tão difícil ganhar campeonatos.
E tem a China, que com o surgimento de Ting Zhu, achou o desafogo que o time precisava pra ser um dos mais fortes.
A seleção brasileira não preparou uma substituta pra Sheilla, nem pra Jaqueline. Se trabalhou 2 ciclos praticamente com as mesmas jogadoras que faziam a diferença no grupo e isso tá sendo sentido agora. Quer dizer, na minha opinião isso já foi sentido nas Olimpíadas. Um time muito manjado, excelente, mas manjado.
E você colocou bem: o Zé conduziu as coias como se o tempo não fosse passar e esse peso do tempo não fosse acontecer. Não preparou ninguém para substituí-las. Para não ser injusto vou lá e vou cá: ele não preparou ninguém e não deu confiança para quem tinha à disposição, mas também não apareceu muita gente não.
Falam que a Jucyele está com a idade avançada e jogando a melhor forma, mas ela só está assim porque não fazia parte da seleção e não teve tantas temporadas duplas como as outras em clube e seleção. Se tivesse, também estaria quebrada, porque o Zé sugas as atletas até a última gota; só deixa o caco.
Na Liga Mundial, que tá rolando agora, diversas seleções de ponta estão cheias de jovens jogando com os veteranos buscando renovar. O Zé pouco fez isso. Agora pagamos. Vamos torcer.