Em Minas, deu Praia de novo
Foi quase, mas o Minas não conseguiu tirar a invencibilidade do Praia Clube na Superliga 15/16. Diria que faltou ao time de BH um pouco mais de regularidade e foco. E não é a primeira vez que isso acontece. Nos três jogos que disputou o tie-break, a equipe começou vencendo bem os dois primeiros sets e sofreu o empate. A diferença, desta vez, é que do outro lado tinha um time mais qualificado e que levou a vitória.
Contra o Praia, as comandadas de Paulo Coco começaram muito agressivas no saque, atentas na defesa e com um ótimo aproveitamento no contra-ataque. Com o passar do jogo e com a melhora do Praia, o Minas foi recuando e perdendo esta energia e concentração, caindo o rendimento na recepção e deixando cair bolas bobas na quadra perfeitamente defensáveis.
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A partida, por parte de ambos os times, ficou limitada às jogadas com as pontas. Para o Praia, isto foi um problema difícil de lidar já que a Wal é uma opção importante no meio. Ela foi muito bem marcada pelo Minas, que a tirou de circulação logo no início da partida, o que complicou o ataque do Praia, pois Ramirez e, principalmente, a Álix, estavam com dificuldades de virar. Aliás, a norte-americana só foi entrar no jogo mesmo lá pelo quarto set, quando, é verdade, foi decisiva para a vitória do Praia. Por isso, não entendi a demora do Picinin em tentar a Pri Daroit na partida, que só foi jogar mesmo no quarto set.
Para o Minas, não contar com as jogadas de primeiro tempo é normal. Desde a temporada passada, as centrais são pouco acionadas e, quando o são, são para fazer a china. Ou seja, fora uma ou outra bola no fundo meio com a Rosamaria, o Minas não larga as pontas. Não sei se é uma dificuldade da Naiane ou das centrais. Sei que a Gattaz sempre atacou melhor a china, mas ano passado, mesmo com a Wal no elenco, a jogada de primeio tempo pouco existiu. Não lembro, sinceramente, se a Mara ataca pelo meio. De qualquer forma, o simples fato de não acionar com tanta frequências as centrais, seja para qualquer jogada, já torna a estratégia de ataque do Minas manjada, além de carregar por demais as ponteiras, sobretudo a Carla e a Rosamaria.
Elas, na partida contra o Praia, no entanto, carregaram o rojão com muita competência. As duas foram muito bem. A Carla, aliás, tem impressionado. Mesmo baixa, passa por cima dos bloqueios sem perder força e velocidade. E, mesmo jovem, encara tudo com muita personalidade. Tanto que tem sido a atacante mais regular do Minas neste início de temporada.
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Fiz todo este testamento falando da falta de criatividade do ataque do Minas, mas a verdade é que ele funcionou muito bem ontem – e bem melhor do que o do Praia. Defensivamente é que o time perdeu o engajamento que teve no início da partida e que possibilitou os contra-ataques. Além disso, errou em momentos de definição do set.
Enquanto isso, o sistema defensivo do Praia demorou, mas entrou no jogo, principalmente com o bloqueio que pegou a Mari PB que vinha explorando bem os bloqueios do Praia. O saque também ajudou com a estratégia de mirar a Carla, que é o ponto mais frágil da linha do Minas, para tirá-la um pouco do ataque.
A entrada da Ju Carrijo foi importante também. Apesar de ela trabalhar com uma estratégia que não me agrada (ou seria limitação mesmo?), de insistir com uma jogadora por tempo demais, foi ela que acelerou um pouco o ataque e colocou a Álix no jogo. Depois a Claudinha retornou bem, mantendo este ritmo no ataque, graças a uma recepção mais consistente. Afinal, nos primeiros sets, ela tava tendo que correr pra lá e pra cá atrás das bolas de Tássia e Cia.
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Enfim, o clássico mineiro foi emocionante. Acho que o Minas perdeu o fôlego durante a partida e precisa trabalhar para manter o foco e segurar o número de erros. O ataque, ao que tudo indica, tem respondido bem, mas tem potencial para crescer – pelo menos na diversificação das jogadas. Agora, defensivamente, tanto em bloqueio como no fundo de quadra, pode fazer mais.
O Praia, por sua vez, sentiu ao enfrentar o primeiro adversário de maior qualidade na SL. E um adversário que o conhece bem. Já contra o Pinheiros, a equipe demorou a engrenar. A fragilidade do time da capital paulista, no entanto, permitiu uma reação mais fácil do que esta contra o Minas. Desta vez, o Picinin precisou usar as opções do banco – um pouco tarde, na minha opinião. Mas é esse o ponto forte do Praia nesta temporada, o elenco. E já deu para ver a importância da recepção, não só para contar com a Wal, mas também com as ponteiras, porque todas eles, inclusive a Alix, rendem mais com bolas de velocidade.
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Resultados da 5ª rodada da SL 15/16
Dentil/Praia Clube 3x2 Camponesa/Minas
São Bernardo 0x3 Renata Valinhos/Country
São Cristóvão Saúde/São Caetano 0x3 Rexona/Ades
Sesi 3x1 Pinheiros/Klar
Rio do Sul/Equibrasil 3x0 Concilig/Bauru
Terracap/Brasília 2x3 Vôlei Nestlé/Osasco
Pê esse:
- O Sesi reencontrou-se com a vitória. Não pude assistir à partida porque a afiliada da RedeTV aqui em Porto Alegre não transmite a programação nacional neste horário. Tentei ver pela internet, mas deve ter alguma proibição à transmissão do vôlei. Uma pena. Vi que não isto não aconteceu somente no RS. No fim, mesmo em tv aberta, a transmissão do vôlei tem acesso restrito tanto quanto se fosse paga.
- Esta foi a rodada na qual os invictos mais estiveram ameaçados. Assim como o Praia contra o Minas, o Osasco só venceu o guerreiro Brasília no tie-break. Foi um jogo equilibradíssimo. O modesto elenco do Brasília forçou o Luizomar a usar quase todas as suas peças no banco. Belo trabalho comandado pelo Manu Arnaut.
- Esta foi a rodada na qual os invictos mais estiveram ameaçados. Assim como o Praia contra o Minas, o Osasco só venceu o guerreiro Brasília no tie-break. Foi um jogo equilibradíssimo. O modesto elenco do Brasília forçou o Luizomar a usar quase todas as suas peças no banco. Belo trabalho comandado pelo Manu Arnaut.
Comentários
O time se manteve colado no placar nos dois primeiros sets e não conseguia fechar as parciais.
O time começou o terceiro set mais apatico, deixou o Osasco passar a frente, mas o último suspiro do time veio com a boa performance da Vívian do bloqueio, ataque e saque e as bolas para a Paula enfim chegaram redondas. Destaque para a Amanda fechando o set num ataque potente. Bárbara também entrou no set e o time se equilibrou, por mais que a Sara tenha boas passagens pelo bloque e Saque, no ataque o time sempre ficava meio em pânico se efetivaria ou desperdiçaria o lance.
No quarto set o time entrou em quadra cheio de vontade, abrindo vantagem no placar e o Osasco não se imaginava nesta situação contra um antigo freguês. Jogando na frente, o ritmo de jogo foi mais favorável para ajustar os tempos de bola de ataque. A única passagem que ainda ficou em baixa foi com a Roberta na rede, ela e Macris não se entenderam muito bem no jogo. Naty entrou cheia de vontade, mas sem a euforia exagerada da Roberta.
No tie break o Osasco ganhou pelas variadas possibilidades de seu banco. O time jogou com o poder máximo, inclusive Adenizia teve que reforçar a rede.
A derrota para o Brasília veio com sensação de vitória pelo ritmo que o time tem evoluído. Eu senti desde os amistosos contra o Minas que time tinha potencial e uma energia boa de conjunto. A Paula voltou motivada como na temporada de Pequim, liderando bem o grupo e instruindo cada rodízio, e ainda surgiu com um saque colocado nos pontos fracos do passe adversário.
A falha do time está na inversão de rede, que ainda não tem a segurança do grupo, é uma incógnita se vai ajudar ou por tudo a perder. E ainda em achar possibilidades para algumas passagens críticas, como por exemplo a rede com Roberta e Amanda se o passe não sair. Penso que teriam que confiar na Domingas para esse tipo de desafogo para a rede.
O Osasco acho que agora para de trabalhar com o rodízio e se ajeita com o melhor time titular disponível para jogo.
Essa superliga em tempos de crise parece que veio com um tempero de equilíbrio muito estimulante aos menores times.
É torcer para mais jogos emocionantes como foi esse último sábado!!
Nei,acho que a escolha tb é feita pelo site da Superliga, não? Eu pelo menos já votei por ali.
Pois é, Welmer. Não me lembro desta declaração, mas posso dizer que tb não acreditaria nela. Na real, até temporada passada, a Carla para mim não passava de uma reserva para, no máximos, completar um time grande. Não conseguia imaginá-la como titular do Minas. Ela tem me surpreendido, acho que amadureceu muito no ataque e, até, na recepção. Aliás, não pensei que ela fosse tão jovem, 23 anos só. Pode crescer ainda.