Por Quem os Ginásios Sorriem
Essa é a época em que fica difícil atualizar um blog. Nenhum jogo interessante, nenhuma briga e nenhum podre aparecendo pra gente meter o bedelho e comentar.
Mas uma frequentadora do blog, Luciane, me lembrou que estou devendo um post em homenagem a Sheilla. O post “Mãe Diná às Avessas” foi, digamos, uma pseudo-homenagem. Ela merece algo mais explícito. Eis aqui.
Mas uma frequentadora do blog, Luciane, me lembrou que estou devendo um post em homenagem a Sheilla. O post “Mãe Diná às Avessas” foi, digamos, uma pseudo-homenagem. Ela merece algo mais explícito. Eis aqui.
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Durante todos estes anos que acompanho o vôlei, nunca houve uma jogadora pela qual tivesse tamanha admiração. Tem algo na Sheilla que me encanta mais do que as outras. É o conjunto: talento e estilo.
Já passaram pela seleção jogadoras tão ou mais talentosas do que a Sheilla. Mas o comportamento, a personalidade é uma novidade. Jogadoras como ela e a Mari inauguraram uma nova fase no time brasileiro.
Antes, o excesso de jogadoras “coração”, que se levavam facilmente pelas emoções do jogo, fazia o time perder o rumo.
Antes, o excesso de jogadoras “coração”, que se levavam facilmente pelas emoções do jogo, fazia o time perder o rumo.
Sheilla é jogadora “cabeça”, é razão. O que ela faz é pensar.
Já comentei aqui o quanto é bom termos jogadoras que sejam mais ‘cabeça fria’. Adorei quando a Mari surgiu exatamente por isso. O time brasileiro precisava desse contrabalanço. Mas a Mari teve um caminho pós-Atenas um pouco tumultuado fora e dentro das quadras, com cirurgia, queda de rendimento, desentendimento com o treinador.
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Já comentei aqui o quanto é bom termos jogadoras que sejam mais ‘cabeça fria’. Adorei quando a Mari surgiu exatamente por isso. O time brasileiro precisava desse contrabalanço. Mas a Mari teve um caminho pós-Atenas um pouco tumultuado fora e dentro das quadras, com cirurgia, queda de rendimento, desentendimento com o treinador.
A Sheilla assumiu esse lugar. Transparece segurança e controle. Não me lembro de tê-la visto perder a cabeça. Pode em uma ou outra partida não jogar bem, mas não por estar desestabilizada emocionalmente. Até aqui teve uma regularidade incrível e um percurso nem um pouco conturbado. Parece que as coisas pro lado dela fluem facilmente.
Destaca-se única e exclusivamente pelo talento. Ela não é a oradora da turma, não se gaba por sacrifícios feitos pela carreira, não é mãe e atleta ao mesmo tempo, não tem nenhum drama pessoal para chamar a atenção. O que ela faz é jogar.
Lembro-me que em 2005 ela foi muito bajulada. Como acontece com toda revelação no esporte, a imprensa voltou seu foco para ela. A gente sabe como é perigoso tanta atenção. Muito atleta, nos anos seguintes, não confirma as expectativas. Mas Sheilla afirmou-se, melhorou e continuou com a mesma atitude.
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Lembro-me que em 2005 ela foi muito bajulada. Como acontece com toda revelação no esporte, a imprensa voltou seu foco para ela. A gente sabe como é perigoso tanta atenção. Muito atleta, nos anos seguintes, não confirma as expectativas. Mas Sheilla afirmou-se, melhorou e continuou com a mesma atitude.
E isso é o mais legal. Ela é excelente, deve saber muito bem disso, e continua com o mesmo comportamento. Não veste uma personagem, não joga para as câmeras. Ela poderia fazer um ponto importante e sair comemorando, puxando o grupo numa encenação comovente para quem assiste na TV. Mas não seria ela. O que ela faz é sorrir.
Aliás, o que não falta nela é sorriso. Seja um ponto fácil, seja uma jogada genial, a Sheilla comemora sempre com um sorriso tranquilo no rosto, como se estivesse jogando uma pelada com as amigas.
Aliás, o que não falta nela é sorriso. Seja um ponto fácil, seja uma jogada genial, a Sheilla comemora sempre com um sorriso tranquilo no rosto, como se estivesse jogando uma pelada com as amigas.
(E é difícil essa menina chorar! Em um time como o Brasil, mulheres às lágrimas é o que não falta. Mesmo sendo campeã olímpica, o máximo que vi na Sheilla foram os olhos marejados.)
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Sorrindo, chorando, calada ou gritando, tanto faz. O que importa é que ela é capaz. Capaz de decidir um jogo, de enfrentar os momentos mais difíceis com cabeça fria, de aparecer num bloqueio e acabar com a felicidade adversária, de jogar com a inteligência e a força, cada uma no momento certo.
Já é, apesar de jovem, uma jogadora de destaque internacional, amplamente reconhecida e, desde 2005, titular absoluta numa seleção de alto nível. Aos poucos e discretamente, escreve sua história no vôlei e nos presenteia com suas atuações.
E o que a gente faz é aplaudir o que ela faz.
Comentários
Parabéns pelo post!!
Valeu pelos comentários! Espero que continuem a participar do blog!